Grupo de estudos sobre o Ateísmo da UFABC/CNPq
Núcleo de pesquisa ligado ao Programa de Filosofia da Universidade Federal do ABC (UFABC) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sob responsabilidade do Prof. Dr. Paulo Jonas de Lima Piva
28/11/25
Seminários sobre Emil Cioran e o nada de Deus
21/11/25
Voltaire e o ateísmo: seminários "Dicionário filosófico". Terceiro seminário: verbetes "Ateu" e "Matéria"
08/11/25
Voltaire e o ateísmo: seminários "Dicionário filosófico". Segundo seminário: verbete "Ateísmo"
01/10/25
Voltaire e o ateísmo: seminários "Dicionário filosófico". Primeiro seminário: "História de Jenni" ou Introdução ao ateísmo em Voltaire
26/09/25
Voltaire e o ateísmo: seminários "Dicionário filosófico"
27/06/25
2005-2025: os 20 anos do "Tratado de ateologia: física da metafísica", de Michel Onfray
Em janeiro de 2005, isto é, há vinte anos, Michel Onfray publicava na França o Tratado de ateologia: física da metafísica. Só em uma década o livro vendeu mais de 370 mil exemplares, e é hoje o maior best-seller de Onfray. Trata-se de uma obra fundamental e obrigatória para o pensamento ateu.
12/06/25
Resenha sobre o "Tratado de ateologia: física da metafísica", de Michel Onfray
18/05/25
Resenha de Jean-Pierre Deschepper em ocasião do lançamento do Tomo I das Obras completas de Jean Meslier em 1970
por Jean-Pierre Deschepper
Fundo Nacional Belga para a Pesquisa Científica (F.N.R.S)
Tradução de Paulo Jonas de Lima Piva
Universidade Federal do ABC (UFABC)
Eis então esse primeiro volume, contendo uma parte da Memória. Mas antes mencionamos os três prefácios que, em mais ou menos 130 páginas, fazem um balanço do caso Meslier.
Em O homem, a obra e a reputação, o senhor Roland Desné expõe a vida e o pensamento de Meslier e os problemas que eles levantam, e que o exame dos arquivos e de múltiplos documentos nos permitem precisar e renovar. O personagem parece simples: ele não se mudou, durante toda a sua vida, de Etrépigny, aldeia situada perto de Mézières e onde ele foi nomeado cura logo após o seminário. Ali ele se nutriu de autores dos séculos XVI e XVII, aguçou sua reflexão e compôs na solidão do fim de uma vida clerical, à revelia de todos, uma longa memória à qual ele confiou seu pensamento, ao mesmo tempo ateu e comunista: fenômeno novo, pois tradicionalmente o ateísmo era aristocrático, enquanto que o comunismo se apresentava como uma exigência da consciência cristã. As condições do tempo e seu estado não lhe permitiram outra voz que a póstuma, se elevando de um manuscrito elaborado no segredo de um casa paroquial camponesa, que ele serviu de 1689 até a sua morte. Ele deixou, para a estupefação daqueles que não suspeitavam desta vida dupla, sua Memória, na qual o defunto cura precisou, no subtítulo, que ele havia escrito “para ser endereçado aos seus paroquianos após a sua morte (...)”. Ele deixou igualmente as Cartas aos curas da vizinhança, nas quais ele se desvendou, notas marginais sobre a Demonstração da existência de Deus, de Fénelon, e pregações manuscritas, das quais perdemos o rastro. Em 1734-1735 a Memória entrou nos circuitos de difusão clandestina, nos quais se pode assegurar que ela foi importante. É em 1762 que Voltaire publica o Extrato dos sentimentos de Jean Meslier, precedido do Resumo da vida do autor, e mutila o pensamento materialista, ateu e socialista de Meslier, ao qual Voltaire impõe em particular uma conclusão deísta. É assim que ele será ― mal ― conhecido, a ponto de não se hesitar no século XIX publicar no seu nome O bom senso, de Holbach. É impossível expormos aqui o detalhe da história da edição das obras de Meslier e dos problemas que ela levanta; reportamo-nos a este muito bom prefácio do senhor Desné, sólido e completo, no qual, por exemplo, podemos ler com interesse a história dos manuscritos da Memória.
O senhor Jean Deprun se empenhou em Meslier philosophe. O projeto filosófico de Meslier é coerente, pois trata-se de fundar a autonomia do mundo revelada pela física cartesiana: por um lado rejeita a metafísica cartesiana, e em particular critica a ideia de perfeição, por outro lado a reabilitação da ideia de natureza, a qual será compreendida num sentido dinamista. Em suma, trata-se de combater o criacionismo e de expor o materialismo. E toda a obra de crítica política e social de Meslier está subordinada à crítica necessária da religião, que é inseparável da crítica da metafísica da qual se alimenta a religião. O senhor Deprun estima que se viu demais em Meslier um gassendista, ainda que sua física seja a de Descartes, despojada de toda teologia. Ele retém do cartesianismo o que se adapta ao seu empreendimento ateu, ele rejeita “a teologia cartesiana em nome mesmo da física dos Princípios”, mas a reajustando à sua necessidade, graças às noções aristotélicas ou escolásticas que se parecem muito com as formas substanciais. Em teoria do conhecimento Meslier é igualmente cartesiano: confiança nas ideias claras. Ele está muito próximo de Malebranche, mas o expurga de toda referência a Deus. Ele dissocia as ideias de infinito e de perfeito, o que lhe permite inverter a prova ontológica ― que ele aceita ― da existência de Deus: a ideia do ser infinito contém a sua existência necessária, mas este ser infinito não é outro senão a matéria. Se o projeto de Meslier é coerente, suas teorias, que ele extrai de fontes variadas, não o são sempre. Ele se aproxima, por exemplo, da escolástica para insistir no empirismo, alternadamente segue Malebranche e dele se separa. Mas nós não poderíamos reprovar demais tudo isso em Meslier, que não repugnou em se medir com a filosofia, refugiado na sua solidão das Ardenas, sem vínculo com nenhum dos focos do pensamento da sua época, não contando senão com o seu raciocínio, suas lembranças de estudo e alguns livros.
O último prefácio é assinado pelo senhor Albert Soboul: A crítica social diante do seu tempo. Se Meslier atacava a religião no front ideológico, ele fez o mesmo no front social. Não podemos dissociar seu pensamento comunista do seu ateísmo, e seu pensamento em geral da sua crítica à sua época, a qual lhe impôs limites. Em sua crítica social, Meslier não estabelece laços entre estruturas sociais e economia. A desigualdade das condições sociais não pode vir senão da desigualdade dos bens fundiários, sem nenhuma menção aos bens mobiliários. Essas limitações da crítica social são as limitações da época e não do próprio Meslier. Do mesmo modo, ele não apreende o mecanismo de exploração social, mas denuncia a opressão fiscal do Estado. Ele critica a monarquia absoluta e aqueles que a caucionam (privilegiados, cortes de justiça) e prega a violência contra eles, mas ainda o senhor Soboul nos convida a não introduzirmos nessa linguagem da época o que nós imaginamos nela ver. Meslier propõe não a partilha igual, mas a comunidade dos bens, para um gozo comum desses bens, e a comunidade e a igualdade dos deveres; o utopismo tradicional transparece contudo aqui e lá, por exemplo, na ordem social sugerida. Em suma, Meslier decorre do comunismo agrário, do igualitarismo camponês, e não ainda do socialismo industrial; o senhor Soboul vê nele menos um revolucionário puro do que um profeta da revolução.
Meslier deixou três cópias autografadas de sua Memória. O senhor Desné apresenta aqui a mais completa, com indicação das variantes dos capítulos mais significativos. A ortografia foi respeitada, ainda que ela não seja regular, pois ela revela a cultura do autor. Regras sensatas foram adotadas quanto aos outros problemas colocados pelo estabelecimento do texto, pois não se tratava de fazer paleografia. Foram mitigados assim os usos próprios de Meslier por correções de bom senso. Boas notas, fac-símile e reproduções de documentos originais acompanham o primeiro volume desta edição, que é compreendida em três; o interesse suscitado pelo primeiro nos faz esperar que ela se completará rapidamente.
In: Revue Philosophique de Louvain. Quatrième série, tome 69, n°2, 1971. pp. 297-299.
Fonte:
06/05/25
"O ateísmo como progresso ontológico: sobre o Tratado de ateologia, de Michel Onfray": curso gratuito, on line e aberto ao público
Junho
- 13: Michel Onfray corpo e pensamento
- 27: Tratado de ateologia: epígrafe, prefácio e introdução
- 04: Tratado de ateologia, primeira parte: a ateologia
- 11: Tratado de ateologia, primeira parte: a ateologia
- 18: Tratado de ateologia, segunda parte: os monoteísmos
- 25: Tratado de ateologia, segunda parte: os monoteísmos
- 01: Tratado de ateologia, terceira parte: o cristianismo
- 08: Tratado de ateologia, terceira parte: o cristianismo
- 15: Tratado de ateologia, quarta parte: a teocracia
- 22: Tratado de ateologia, quarta parte: a teocracia; a bibliografia sobre o ateísmo
06/12/24
Curso aberto ao público para 2025: "O ateísmo como progresso ontológico: sobre o Tratado de ateologia, de Michel Onfray"
23/11/24
Seminários "Deus, um delírio", de Richard Dawkins: sexto e último seminário
Seminário seis
09/11/24
Seminários "Deus, um delírio", de Richard Dawkins: seminário cinco
25/10/24
Seminários "Deus, um delírio", de Richard Dawkins: seminário quatro
11/10/24
Seminários "Deus, um delírio", de Richard Dawkis: seminário três
Apresentação de Fábio Rodrigues Ávila, doutor em filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Data: 25 de outubro de 2024, sexta-feira
Horário: 20 horas
Evento on line, aberto a todos, sem inscrição nem certificado
Link do evento: https://conferenciaweb.rnp.br/webconf/paulo-209
Contato: paulo.piva@ufabc.edu.br
28/09/24
Informe sobre a tradução de Jean Meslier
Uma tradução séria de uma obra reflexiva é um trabalho de ourives, isto é, uma iniciativa que requer muito conhecimento e muita habilidade, tempo e paciência, ainda mais se o objeto da tradução for a Memória dos pensamentos e sentimentos de Jean Meslier, um livro volumoso, do início do século XVIII, repleto de raciocínios e longas citações de terceiros.
Empolgado pela vontade de realizar uma tradução completa para o português da Memória de Meslier, o Grupo de estudos sobre o ateísmo da UFABC projetou tal trabalho, porém, num momento de lucidez diante do tamanho do projeto, resolveu sabiamente, por ora, não levá-lo adiante.
23/09/24
Seminários "Deus, um delírio", de Richard Dawkins: seminário dois
17/09/24
28/08/24
Biblioteca ateísta: palestra sobre "Ateísmo, uma breve introdução", de Julian Baggini
Contato: paulo.piva@ufabc.edu.br
26/08/24
Seminários "Deus, um delírio", de Richard Dawkins: primeiro seminário
23/08/24
Súmula das resoluções da reunião de balanço de um ano de grupo realizada em dia 23 de agosto de 2024
20/08/24
Balanço dos "Seminários Jean Meslier" e sobre um ano do grupo
Balanço dos "Seminários Jean Meslier" e sobre um ano do grupo
Dia 23 de agosto de 2024
Horário: 20 horas
Evento on line aberto a todos
Link do encontro: https://conferenciaweb.rnp.br/webconf/paulo-209
Contato: paulo.piva@ufabc.edu.br


































